Acabo de traduzir a resposta do profeta Bobby Henderson a um hate-mail. Trata-se de uma seção do site oficial em que são publicadas críticas, rudes na maioria das vezes, à Igreja do Monstro de Espaguete Voador e as respostas do Profeta. Nesse caso, perguntava-se "O que exatamente você acha que vai provar com isso?" Para o autor do e-mail, que se declara ateísta, as ações da Igreja do MEV não passam de piadas de mau gosto, extremamente desrespeitosas, feitas com crianças que não podem entendê-las.
A resposta de Bobby é esclarecedora. Afinal, o que quer a Igreja do Monstro de Espaguete Voador?
"Não é nossa intenção ofender ninguém nem fazer zombaria. Apesar disso, percebo que algumas vezes as pessoas podem se sentir zombadas ou ofendidas.
Pode ser justo dizer que somos desrespeitosos. Concordo que a maioria dos pastafarianos não respeitam a noção de que a religião deve ser posta em um pedestal. Não achamos que uma ação explicada no contexto religioso deve, por esse motivo, estar isenta do escrutínio a que estaria sujeita em qualquer outro contexto. Religião não é passe livre para ideias e ações insensatas.
Concordo que não cabe a nós julgar aqueles que veem o mundo pelas lentes da religião. Mas tampouco nos cabe ignorar quando crenças pessoais se tornam ações públicas. Podemos aceitar que alguns escolham ensinar a seus filhos que a Terra tem 6000 anos e que os dinossauros são um mito. Mas se exigem que essas ideias sejam ensinadas em nossas escolas, não é mais uma questão de respeitar crenças pessoais.
Acredito que a ideia de que pessoas de mentalidade racional devem ser antirreligiosas seja errada. Se for preciso riscar uma linha que nos divida, gostaria que fosse traçada entre as pessoas razoáveis e as que não o são, e não entre religiosos e não-religiosos.
Uma coisa é ver o mundo através de uma lente, outra é agir como se essa fosse a única lente possível.
Acredito que não haja nenhum grupo mais tolerante com outros grupos religiosos ou não-religiosos que os pastafarianos, isso está fora de questão. A morte de marinheiros cristãos por piratas é uma coisa triste de ouvir para qualquer pessoa, estou certo disso. Minha esperança é que isso não aconteça mais. A pergunta difícil é: criticar, com base na fé, a decisão de se aventurar em áreas perigosas vai evitar situação semelhante no futuro? Eu não sei a resposta. Mas fico pensando quantos amigos e familiares gostariam de tê-los sacudido e dito "essa é uma ideia ruim, não faça isso". Essa é uma das questões complicadas -- essa linha entre respeito e preocupação."